Redescobrindo os Prazeres da Vida

Antes de morar na Itália eu já conhecia muito da sua cultura e costumes através das aulas de italiano que há anos frequentava e das viagens ao país. Além do mais, minha família tem origem italiana e um pouco desta essência, por sorte, permaneceu até minha geração. A cultura italiana é intimamente ligada à comida, disto todo mundo sabe, mas só mesmo quando eu vim morar na Itália pude entender realmente o que isto significa. Itália não é só massa e vinho. Por trás daquela imagem de mesa farta, rodeada pela família, tem muita história e tradição.
Outra característica muito conhecida da Itália é o seu regionalismo, e esta particularidade se reflete diretamente à mesa. Cada região, cada cidade, cada vilarejo desenvolveu a sua culinária baseada naquilo que a terra lhe fornecia em diferentes estações do ano. Da mesma forma, os queijos, presuntos e salames se apresentam em infinitas variedades, sem se esquecer dos vinhos, claro!
Os italianos, por tradição, sempre foram incentivados a consumir e valorizar o produto regional. Assim sendo, os pratos típicos tem como ingredientes base carnes e frios, frutas e legumes, leite e derivados produzidos em terras próximas. Além do mais, não se consome produtos que não sejam da estação. Isso fica muito claro nos cardápios dos restaurantes que possuem o menu de verão diferente do menu de inverno.
O mais belo de tudo isso e aquilo que mais me fascina, é que esta tradição resistiu a vida moderna, superando a tecnologia e a globalização. Ainda hoje os italianos valorizam o produto regional e da estação por ser fresco, saboroso e com isso mais nutritivo e saudável. Hoje, ligados aos conceitos de sustentabilidade, eles vem sendo chamados de “produtos à Km Zero”, pois contribuem ao meio ambiente por não emitirem carbono na atmosfera com longos transportes.
Panzanella – prato típico do verão
Maiale con mele – prato típico de inverno
A Itália continua sendo na minha visão uma redescoberta do prazer: o prazer da comida, dos sabores, da vida! A cultura do comer te liberta até mesmo da neura das dietas! Nada vale a pena pelo sacrifício do sabor! Esta filosofia, em tempos modernos, recebe nome de slow-food: o direito do prazer à mesa. Eu sigo esta filosofia, com todo prazer!

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