Viver no Sul, Viver no Norte da Itália

A convidada deste mês para falar sobre “Vida na Itália” é a Patrícia, de Caxias do Sul (RS), que vive aqui desde 2010. A Patrícia teve a experiência de viver em duas realidades da Itália, em Florença (centro-norte) e em Tricase (extremo sul), e conta para a gente as diferenças, vantagens e desvantagens entre elas.

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Tricase e Florença

Por Patricia Casara Costa

Depois de ter vivido 3 anos em Florença, cidade onde nasceu minha filha, nos mudamos para o sul de Salento que fica na região da Puglia, na ponta do salto da bota. A região é conhecida pelas praias de águas cristalinas e belíssimas paisagens. Mas quando chegamos aqui, encontramos muito mais que uma natureza maravilhosa.

Allan e Patricia
Allan e Patricia

O povo pugliese é acolhedor e aberto às amizades, muito parecido com o povo brasileiro e diferente dos fiorentinos que, do meu ponto de vista, são mais fechados. A cultura, a música e a dança (Pizzica), são passadas para as gerações mais novas, fortificando as raízes e mantendo as tradições. A maioria das pessoas comem o que plantam ou compram de agricultores locais. Verduras frescas e em abundância são a base da alimentação, sem falar no peixe fresco e frutos do mar, combinação perfeita com a “pasta” feita a mão.

Logo que cheguei, os preços mais baixos da alimentação e do aluguel me surpreenderam. Em Florença, por um apartamento de 90 metros quadrados, pagávamos 850 euros. Aqui, por um apartamento um pouco maior e novíssimo, pagamos 400 euros mensais! O difícil foi encontrar um local com calefação a gás metano!!! Sim… aqui eles usam um sistema a gás óleo que custa uma fortuna!! De qualquer maneira, o custo de vida é muito mais baixo.

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Quando recebi a noticia da mudança, confesso que fiquei um pouco apreensiva, trocar a Toscana pelo Sul… será? E as escolas? O dia a dia? O que não esperava era encontrar esse lugar lindíssimo, de gente boa e batalhadora. Ao longo do tempo fiz amizade com pessoas “locais” que me mostraram esse espirito generoso do povo daqui. Na nossa cidade (Tricase) tem poucos estrangeiros, exemplo disso é que somos os únicos brasileiros, o que não acontece em Florença, mas isso se dá pela falta de trabalho na região. O Sul, por ser menos desenvolvido, sofre mais com o desemprego que atinge os italianos em geral.

Por um outro lado, o bar onde meu marido trabalha, Farmacia Balboa,  se tornou um local conhecido e badalado. A escolinha da minha filha oferece tudo que uma criança precisa para crescer bem! A média de criança por sala de aula é de 20 alunos, horário integral (das 8 às 15:30), almoço com menu revisado por uma nutricionista, alimentos orgânicos e seção bilíngue. Uma escola assim custaria no mínimo 450 euros em Florença, enquanto que aqui pago somente 80 euros.

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Morando em uma cidade pequena e sem violência posso fazer quase tudo a pé. De carro as distâncias são curtas e o tráfego praticamente não existe, bem como o transporte publico, um ponto negativo daqui! Com a chegada do verão e o aumento do turismo, os horários de ônibus aumentam. Na cidade de Brindisi fica o aeroporto mais próximo (93,7km) com vôos domésticos e internacionais. A Ryanair (companhia aérea lowcost) possui vôos para vários lugares inclusive para o exterior. Dos pequenos “comunes” (cidadezinhas) existem linhas de trens para a cidade de Lecce de onde se parte para o resto da Itália.

Apesar das dificuldades econômicas que o Sul enfrenta, temos mais qualidade de vida agora, mas, com certeza, meus passeios pelo centro histórico de Florença e os almoços entre os amigos no Chianti serão sempre motivos de saudades!!! Sem falar nos vinhos!!!

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24 comentários

  1. Gilmar Bergamincomentou

    Bom dia.
    Chego na Itália dia 03 de outubro 2018. Pensando em morar no norte; província de Ferrara ou Rovigo. Vou rever meus conceitos após ter lido a matéria.

  2. Patrícia, tudo bem?
    Você ainda mora em Tricase? Como está a região sul com relação a imigrantes ilegais vindos da África, por exemplo? a região está sofrendo como em outras partes da Europa?

  3. claudetecomentou

    quero morar na italia o que fazer

  4. Lau Roberto Pereiracomentou

    Muito interessante e empolgante Patricia e Allan. Obrigado Babi sempre com matérias verdadeiras e animadoras.
    Gostaria muito de conhecer essa região onde eles estão com mais detalhes. Haveria possibilidade do e-mail deles. Obrigado

  5. Andrea Cecilia De Moraes Binacomentou

    Ciao! Em setembro vou para Italia e gostaria de saber a indicacao da escola onde a filha da Patricia estudou. Minha filha tem 4 anos. Grazie!

  6. Olá Babi, obrigado por compartilhar estas preciosas informações. Eu conquistei minha cittadinanza e pretendemos eu e minha mulher sair do Brasil, e para lugares assim, mais afastados, como no Sul da Italia, obrigado pelo site