Durante os seus 89 anos de vida (sim, 89!!!), Michelangelo realizou 4 Pietàs. A primeira delas, e mais famosa, se encontra na Basílica de São Pedro no Vaticano, esculpida quando Michelangelo havia somente 22 anos. As outras três Pietàs – Pietà Bandini, Pietà di Palestrina e Pietà Rondanini – fazem parte da sua produção madura, quando ele já havia passado dos 70 anos e vivia uma crise espiritual.
Nos últimos anos, várias pessoas queridas ao mestre haviam deixado este mundo: o pai em 1534, a amiga Vitoria Colonna em 1547 e seu fiel servo Urbino em 1556. Além disto, algumas de suas obras, como o Juízo Final da Capela Sistina, passavam pela avaliação da Santa Inquisição. O medo da morte que se aproximava era uma constante na mente de Michelangelo e isto se refletiu diretamente na sua produção artística.
“Não nasce em mim pensamento que não seja dentro esculpida a morte.”
Michelangelo, junho 1555
A Pietà Bandini, hoje exposta no Museu do Duomo de Florença, foi com toda probabilidade executada para ser usada no seu próprio túmulo. Realizada entre 1547 e 1555, representa Cristo inerte sustentado por Nicodemo (ou José de Arimateia), Madalena e Maria. Uma curiosidade desta Pietà é que na figura de Nicodemo reconhecemos o auto-retrato de Michelangelo.
Esta obra, no entanto, nunca foi utilizada para o seu fim inicial. Ela havia se tornado a consolação e o tormento de Michelangelo. Sua contínua ânsia e insatisfação, que sempre caracterizaram a sua arte, se transformaram em uma agonia insustentável, resultando em uma explosão de raiva e desespero. Michelangelo martelou sua obra (ainda não acabada), danificando principalmente as figuras de Cristo e Madalena.
Abandonada no atelier de Michelangelo, foi comprada pelo nobre Francesco Bandini em 1561 e levada para a Villa de família em Montecavallo, onde o escultor Tiberio Calcagni foi encarregado de amenizar os sinais de raiva que Michelangelo havia deixado sobre a sua obra. Calcagni concentrou seu trabalho sobre a Madalena, que resulta a única figura acabada com proporções menores que as demais e de baixa qualidade.
A Pietà Bandini voltou para Florença em 1674, comprada pelo Grão-Duque Cosimo III, colocada primeiramente na cripta de San Lorenzo, depois levada em 1722 para o altar do Duomo e por fim conservada no Museu do Duomo à partir de 1933.
Este artigo faz parte de uma blogagem coletiva sobre as Pietàs de Michelangelo Buonarroti. Leia também sobre a Pietà Rondanini com a Magê do Milão nas Mãos e a Pietà do Vaticano com a Patrícia do Guia de Roma.
Oi,Babi,
Que super post. Uma ótima ideia explorar as Pietà de Michelangelo por aqui e nos outros blogs.
Muito bom.
Isa
Oi, Isa! Foi muito bacana mesmo essa ideia da Patricia! 🙂 Fiquei feliz dela ter me chamado para falar sobre a Pietà de Florença! Bjos, obrigada pela visita!