Quando o Vinho de Mesa vira Supertoscano

Os Supertoscanos são uns dos vinhos mais conhecidos da Toscana. Você com certeza já ouviu falar do Tignanello, Masseto, e Solaia, só para citar alguns. Na nomenclatura dos vinhos, os Supertoscanos são simples IGT (Indicação Geográfica Típica), o mais simples dos selos de qualidade. Então, como um “vinho de mesa” pôde se tornar um dos mais caros e cobiçados da Itália?

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Não existe alguma organização que regulamente a produção dos vinhos Supertoscanos como acontece, por exemplo, com o Chianti Clássico ou com o Brunello di Montalcino (todos DOCG), por isto, é um pouco mais complicado explicar o que é o Supertoscano. Não há regras ou um padrão a seguir, a não ser, claro, ser produzido dentro da Toscana! Mas provavelmente era esta liberdade que os vinicultores precisavam quando estavam procurando produzir um vinho de qualidade superior.

O primeiro Supertoscano por excelência é o Tignanello, da famosa e antiguíssima Vinícola Marchesi Antinori, com mais de 7 séculos de tradição. A primeira garrafa de Tignanello é do ano de 1970 quando ainda era um Chianti Clássico Reserva. À partir do ano seguinte decidiram sair do Consórcio Chianti Clássico para embarcar em um estilo moderno, com o utilizo de uvas internacionais, tais como Cabernet Souvignon e Merlot, e o envelhecimento em barrica.

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A Antinori não foi a primeira a introduzir vinhas francesas na Toscana. Ela se inspirou no experimento bem sucedido do Marquês Incisa della Rochetta, criador de outro vinho top Toscano, o Sassicaia (Bolgheri DOC). Junto do enólogo Giaccomo Tachis iniciou na década de 20 uma série de experimentos com videiras trazidas da França. O terreno da sua propriedade em Bolgheri era semelhante ao de Greves, em Bordeoux, e apropriado ao cultivo das mesmas uvas.

Em resumo, o vinho Supertoscano pode ser produzido com uvas autóctones (Sangiovese) e/ou de origem francesa (Cabernet Souvignon, Cabernet Franc e Merlot) seja em pureza que em diferentes cortes. Há grande atenção ao terroir, ou seja, cultivar diferentes videiras no tipo de terreno mais adequado, e também no afinamento em barris de carvalho francês. O resultado são vinhos de corpo estruturado e de grande longevidade.

Para distinguir os triviais "vinhos de mesa" IGT dos mais elaborados vinhos de mesma denominação, o americano crítico de vinhos Robert Parker inventa o termo "Super Tuscan".
Para distinguir os triviais “vinhos de mesa” IGT dos mais elaborados vinhos de mesma denominação, o americano crítico de vinhos Robert Parker inventa o termo “Super Tuscan”.

Alguns exemplos de Supertoscanos

Tignanello – Antinori
80% Sangiovese, 15% Cabernet Souvignon, 5% Merlot
12-14 meses em barrica
Produzido desde 1970
Valor: à partir de 60 euros
Solaia – Antinori
75% Cabernet Souvignon, 20% Sangiovese, 5% Merlot
18 meses em barrica
Produzido desde 1978
Valor: à partir de 180 euros
Masseto – Ornellaia
100% Merlot
24 meses em barrica
Produzido desde 1986
Valor médio: à partir de 500 euros
Sammarco – Castello dei Rampolla
90% Cabernet Souvignon, 5% Sangiovese e 5% Merlot
3 meses em tanque de cimento, 12-15 meses em tanque e barrica de carvalho, 18-24 meses em garrafa
Valor médio: à partir de 70 euros
Fontalloro – Fèlsina
100% Sangiovese
18-22 meses em barrica, 8-12 meses em garrafa
Produzido desde 1983
Valor médio: à partir de 30 euros

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