Viva Creta – Knossos e o Labirinto do Minotauro

A ilha de Creta não é só feita de belas praias e gastronomia dos deuses. No quarto artigo da série Viva Creta o assunto é cultura e como não poderia faltar, pois estamos na Grécia, histórias da mitologia

No único dia que o tempo tinha algumas nuvens no céu, resolvemos fazer o passeio até a cidade de Knossos, a cidade mais antiga da Europa! Ela fica localizada no centro da ilha, ha 150 km do nosso hotel em Agios Marina. Levamos cerca de 2 horas para chegar, percorrendo a New Road.

A origem desta construção é do ano de 2.000 a.C., com mais de 22 mil metros quadrados construídos divididos em 2 ou 3 andares, com cerca de 1.400 aposentos, onde moravam cerca de 300 pessoas entre membros da família real, sacerdotes e servos. O coração do palácio era o pátio interno, onde aconteciam as festas, celebrações sacras e sacrifícios de animais. O touro e a cabra eram considerados sacros e quando sacrificados o seu sangue era oferecido aos deuses e sua carne à população. Uma das poucas chances que o povo minoico tinha para consumir carne.

O Palácio de Knossos tinha a função não somente política e administrativa, como econômica e religiosa. O rei era o principal sacerdote. Toda a produção alimentar de grãos, azeite, vinho, etc, eram concentradas nos armazéns do palácio para então serem distribuídas à população, cerca de 30 mil pessoas que moravam ao redor do palácio.

O palácio sofreu 2 catástrofes naturais ao longo dos milênios que geraram uma nova construção, sempre maior, sobre a antiga. A primeira foi um terremoto em 1.700 a.C. e a segunda mais grave, não se há certeza se foi outro terremoto ou tsumani gerado pela explosão do vulcão da ilha de Santorini. Esta segunda catástrofe destruiu a frota marinha de Creta que possuía o monopólio do transporte de mercadorias no Mediterrâneo oriental, sua principal fonte de riqueza. Esta situação favoreceu a invasão dos miceneus, ou seja, dos gregos do continente.

Reconstrução do palácio de Knossos

Sala do Trono – Local onde o rei recebia as visitas. O trono é original, uma peça monolítica em alabastro, uma pedra porosa facilmente encontrada na região. Uma cópia deste trono encontra-se na Corte Internacional de Justiça da ONU em Haia na Holanda, pois algumas das virtudes do Rei Minosse era a sua justiça e sabedoria. As paredes são decoradas com afresco da figura do grifone, um animal com a cabeça de águia, corpo de leão, cauda de serpente, animais que representavam os 3 mundos – ar, terra e subterrâneo – e as 3 virtudes de um rei – visão, força e inteligência.

Vestíbulo da rainha – O ambiente recebeu este nome pela sua proximidade com o banheiro e o quarto da rainha. Possui uma decoração mais delicada e refinada, com golfinhos e peixes que nadam e espirais e rosáceas ao redor das portas.

O Labirinto do Minotauro
Zeus, rei dos deuses, era casado com uma de suas irmãs, Hera. Zeus no entanto não era satisfeito com seu casamento e muitas vezes se encontrava com outras mulheres. Uma de suas amantes foi Europa, a princesa de Fenice (hoje o Líbano). Para não ser reconhecido pela sua mulher, Zeus se transformou na figura de um touro e sequestrou Europa, levando-a para a Ilha de Creta. Por um ano se esconderam ali, onde embaixo de um plátano sempre verde, Europa deu a luz aos seus 3 filhos: Minosse, Radamante e Sarpedonte. Quando completassem 12 anos, deveriam tomar possesso dos 3 maiores palácios de Creta: Knosso, Festo e Malia.

Ao chegar na idade certa, Minosse queria provar que ele era o mais forte dos irmãos e merecia ter o maior palácio. Para isto, pediu a ajuda de Poseidon, o deus dos mares, irmão de Zeus e seu tio. Poseidon lhe enviou de presente um touro branco para que Minosse provasse ser o melhor e obter Knossos. O acordo era que após sua coroação como rei, deveria sacrificar o touro branco em nome do seu tio. No entanto, Minosse o considerava tão belo que resolveu mantê-lo em vida e sacrificar outro touro no seu lugar.

Poseidon que soube da quebra de acordo resolve se vingar fazendo Pasifae, a mulher de Minosse, se apaixonar pelo touro branco. Pasifae, cega de desejo, decide pedir ajuda à Dédalo, arquiteto de Atenas que havia sido contratado para reformar o Palácio de Knossos.

O rei Minosse segundo Michelangelo.

Para atender á rainha, Dédalo construiu uma vaca em madeira, oca por dentro, e grande o bastante para que ela entrasse e assim unir-se com o touro branco. Desta união, nasce um monstro metade homem, metade touro, o Minotauro.  À pedido de Minosse, Dédalo constrói um labirinto para o Minotauro, e foi proibido de sair da ilha de Creta para não revelar o seu segredo.

Durante um torneo organizado em Atenas, o filho de Minosse e Pasifae, Androgeu, é assassinado pelos atenienses. Minosse para vingar a morte do filho, exigiu que 7 meninos e 7 meninas fossem enviadas todos os anos para serem oferecidas ao Minotauro como alimento.

Teseu, príncipe de Atenas, foi à Creta entregar os 14 jovens e com a missão de matar o monstro. Chegando à ilha, conhece a princesa Arianna, filha do rei Minosse, que se apaixona à primeira vista por ele. Teseu promete de se casar com ela se o ajudasse a matar o Minotauro. Assim, ele cumpre a sua missão e volta à Atenas levando Arianna com ele, mas a abandona no meio do caminho. Arianna decide pedir a ajuda dos deuses para se vingar de Teseu com a morte do seu pai, o rei Egeo.

Antes de Teseu partir para Creta, disse ao seu pai que ao voltar pra casa, trocaria as velas da sua barca de preto por brancas, caso ele tivesse bem e conseguido matar o Minotauro. Ele no entanto se esqueceu de trocar a cor das velas e quando seu pai o viu de longe voltar com as mesmas velas pretas que partiu, pensou que seu filho estivesse morto e se joga no mar de tristeza. Desde então, o mar entre Atenas e Creta leva o seu nome.

A Possível Origem real do Mito Grego

O afresco abaixo mostra um jogo muito comum na época. Chama-se Tauromaquia, ou seja, salto sobre o touro. O objetivo não era de matar o touro, animal considerado sagrado, mas de fazer acrobacias por cima dele. No afresco vemos as 3 fases do jogo: 1) correr em direção ao touro, agarrá-lo pelos chifres para dar impulso, 2) saltar sobre as suas costas e 3) cair em pé atrás dele. Homens e mulheres podiam participar deste jogo que  acontecia uma vez ao ano. Os gregos achavam que este esporte era muito cruel, pois muitos se machucavam ou até mesmo morriam na tentativa da acrobacia. Logo se espalhou a história de um monstro de Creta que comia homens e mulheres uma vez ao ano.

O palácio de Knossos era construído em materiais simples, como pedra, madeira, alabastro para os revestimentos internos. Uma decoração em relevo era presente por todo o palácio, o machado duplo, simbolo mais importante de Creta que significava o duplo poder do Rei: religioso e administrativo. O nome dado à este símbolo era “lavris“. O palácio começou a ser chamado de “lavrinthos” (o lugar dos “lavris“) e com o tempo ganhou outro significado para indicar um lugar grande e confuso, assim como era o palácio de Knossos. “Lavrinthos” é a origem da palavra labirinto.

Informações extra:
Ingresso: 6€
Visita guiada: 10€ / pessoa – Dura cerca de uma hora e eu acho que vale a pena, pois visitar um sitio arqueológico sem explicação não tem muito sentido, na minha opinião.
Na entrada do sítio tem um bar/restaurante.
Estacionamento: Existem vários estacionamentos livres próximos à entrada.
Dias gratuitos: 6 de Março, 18 de Abril, 18 de Maio, 5 de Junho, 27 de setembro.
Site Oficial

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3 comentários

  1. Magaly Paulinocomentou

    Parabéns pela matéria Bárbara!! Estava buscando informações sobre a Ilha de Creta (na atualidade também) e você me ajudou muito. Sou professora (historiadora) e gostaria de ver e ler outras publicações!

    ABRAÇOS!

    1. Oi, Magaly!!! Que bacana! Creta é sensacional! Amei conhecer tanto pela sua beleza natural quanto histórica! 🙂 Bjos e obrigada pela sua mensagem!