A feira “Artesanato e Palácio“ acontece há mais de 20 anos em meados de maio nos Jardins do Palácio Corsini. São quatro dias de feira e uma oportunidade única de conhecer por dentro esta obra da arquitetura e paisagismo Renascentista que permanece fechada nos demais 361 dias do ano!
A Família Corsini é uma das poucas famílias tradicionais fiorentinas que mantém seu patrimônio há mais de 5 séculos. Eles chegaram à Florença em meados do século 12 provavelmente de Poggibonsi. Se enriqueceram com o comércio de seda e lã e, como era habitual na época, os negócios os levaram a abrir um banco. Praticamente o mesmo percurso da mais famosa e poderosa Família Médici. Aliás, eles foram por vezes aliados e por outras inimigos ao longo da história.

Os dois membros mais famosos da família Corsini foram ligados à religião. Durante o século 14 viveu Andrea Corsini, Bispo de Fiesole, santificado em 1624 pelo Papa Urbano VIII. O outro membro famoso foi Papa entre 1730 e 1740, Clemente XII, que trouxe à Roma importantes mudanças, como a abertura do Museu Capitolini e a encomenda da super famosa e fotografada Fontana di Trevi.
Mas em Florença o membro mais importante foi Filippo Corsini, que comprou e construiu no início de 1600 diversas villas e palácios, entre eles o Palácio Corsini al Parione, a Villa Corsini di Castello (antiga propriedade dos Médici), e o Palácio Corsini al Prato, onde acontece a feira “Artigianato e Palazzo“.

Quem iniciou a construção deste Palácio, em 1590, foi outra família tradicional fiorentina dos Acciaiuoli. O responsável pelo projeto foi Bernardo Buontalenti, arquiteto de confiança da Família Médici que, entre outras coisas, projetou a Tribuna do Uffizi, a fachada da Igreja de Santa Trinita e é considerado o inventor do sorvete. Alessandro Acciaiuoli encomendou ao Buontalenti o projeto de um “Casino”, tipologia de residência que estava na moda naquele tempo, ou seja: Uma villa na cidade, dotada de amplo espaço verde. Por problemas financeiros, a construção não foi finalizada e em 1620 o palácio passa aos Corsini.

A Família Corsini pediu ao arquiteto Gherardo Silvani de finalizar o palácio e o jardim. E ste é um dos poucos exemplos em Florença de Jardim à Italiana, que mesmo com o passar dos séculos permaneceu quase inalterado do projeto original de 1600! Naquela época não existiam muitas variedades de plantas florais, então usava-se plantas com diversas tonalidades de verde, fazendo labirintos geométricos.

Também não poderia faltar a “limonaia”, onde os pés de limões, exóticos para o clima Toscano mas muito de moda, eram protegidas durante o longo inverno. Hoje são presentes mais de 130 plantas de agrume!
O jardim é cortado ao centro por um caminho decorado com estátuas. O arquiteto utilizou aqui um artifício barroco muito comum: as estátuas crescem de tamanho da entrada do jardim em direção à entrada do Palácio, de forma a criar uma ilusão de ótica que o corredor é muito mais longo do que de fato é!

Nas laterais dos labirintos, foi criada uma “ragnaia” (ragno = aranha), um bosque de Azinheiras onde eram instaladas redes para a captura de pássaros. Os Jardins de Boboli também tinham a sua “ragnaia“. Em 1800 as “ragnaia” são transformados em jardins românticos seguindo a tendência inglesa, com árvores, plantas e flores de sombra que deveriam parecer naturais e espontâneas. As flores presentes hoje no jardim, também são desta época.
Em 1600 a Família Corsini ganhou da igreja o título de Marquês de diversas cidades do centro Itália e Príncipe de Sismano. A geração atual ainda carrega estes títulos, mesmo não tendo um valor político-administrativo, mas somente de representação.

Artigianato e Palazzo 2019
Nesta última edição de “Artigianato e Palazzo” eu tive a oportunidade de participar do aperitivo de pré-estréa da mostra dentro do Palácio Corsini, junto da Princesa Giorgiana Corsini (atual herdeira da família), de Neri Torrigiani (que pertence a outra família nobre fiorentina), e outros membros de famílias nobres da cidade. Foi um convite feito aos Tuscany Bloggers, grupo do qual eu faço parte, de blogueiros italianos e estrangeiros que tem como objetivo promover o território com informações de qualidade.

O meu trisavô se chamava Maximiano Cursino. Ele era italiano, era filho de Ricardo Cursino e se casou com Felipa Martins.
Interessante esse artigo.
Precisa ver visitado pelo menos uma vez na vida, é lindíssimo o jardim e a história desta familia. Adorei!