De São Paulo à Fiesole – Minha Vida de Expatriada

Vinte milhões de habitantes é o número que separa a minha antiga cidade, São Paulo, da minha nova cidade, Fiesole. Eu nunca imaginei morar em uma cidade tão pequena! Mais que isto, nunca imaginei que iria gostar de viver em uma cidade tão pequena… 

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Fiesole é uma cidade independente de Florença, mas é tão pertinho, a apenas 6 km de distância do centro, que mais parece um bairro. Ela fica sobre uma colina, a 300 metros de altitude, proporcionando uma linda vista para toda a cidade de Firenze. Hoje possui cerca de 15 mil habitantes. Já contei sobre ela aqui no Blog [leia aqui].

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Piazza Mino de Fiesole

Quando cheguei na Itália em 2009, morei primeiro no centro de Firenze e após 1 ano e meio me mudei pra Fiesole, onde já morava meu namorado. Não tem como não se apaixonar por esta cidadezinha típica italiana! O coração da cidade é a praça principal, Piazza Mino, onde tem a catedral, o restaurantes, a prefeitura, a sorveteria, o bar, a farmácia, o banco, o hortifrúti, ou seja, aqui tem tudo que você precisa, mas uma opção de cada! Não há espaço para concorrência!

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Vista panorâmica da Igreja de San Francesco

Para ir até Florença e vice-versa usa-se um ônibus normal de linha. No início minha mãe se preocupava pelos 100 metros que tinha que fazer a pé e sozinha do ponto de ônibus até minha casa! Ela não sossegou até vir me visitar e ver que o maior risco de viver em Fiesole é ser assombrado por algum fantasma das antigas construções! rsrs! Eu diria que o risco de assalto, violência, etc, aqui em Fiesole seja zero.

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Quase todos os domingos tem feiras temáticas: artesanato, enogastronomia, antiguidades, plantas…

O único porém é ter que se acostumar com os horários de funcionamento do comércio que fecham para o almoço. Algo impensável em São Paulo que funciona 24 horas! O supermercado, por exemplo fecha entre 13:00 e 15:30, então o almoço tem que ser programado com antecedência. Além disso os horários mudam continuamente de acordo com a estação do ano.

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Campanário do Duomo de Fiesole

Em cidade pequena, todo mundo se conhece, e depois que adotamos a Lua, nossa vira-lata napolitana, ficamos ainda mais conhecidos! Além dos comerciantes, você começa a conhecer os papais e mamães dos outros cachorros da cidade que sempre se encontram no fim de tarde na praça para aquela voltinha básica pro xixi. rs…

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Lua com seu amigo Leo.

Quando saímos para uma caminhada, cruzamos com pessoas que te olham e cumprimentam com um bom dia ou boa tarde. O pessoal do banco e da prefeitura te conhecem e dão um tratamento especial, que em uma cidade grande como São Paulo infelizmente não existe mais.

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Caminhada panorâmica pela Via Giuseppe Verdi e di Monte Ceceri

Inútil dizer que aqui não tem trânsito! hehe! Também, pudera! Em contrapartida temos o problema comum em todas as cidades italianas: não tem estacionamento suficiente. Ao menos não muito perto de onde você mora. Tem que caminhar um pouquinho, o que pode ser um problema quando faz frio e chove, ou você tem as compras do supermercado no carro. Daí entra o exercício compulsório que falei no artigo Como a Itália Mudou minha Vida. 🙂

São Paulo faz falta? Bem, claro que faz… Principalmente o calor da família e amigos. Cresci nesta cidade e sou acostumada à loucura frenética de uma metrópole que também tem seu charme! Depois que passamos a viver no exterior, é mais fácil enxergar não somente os pontos negativos, mas também os positivos e valorizá-los. O problema da minha Sampa, que faz toda a diferença no fim das contas, é a violência e o estresse gerado por ela. Em Fiesole (e Florença) estas palavras não existem.

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Exposição de Carros de época na Piazza Mino, geralmente em um domingo de Março

A minha sensação é de que a praça e a cidade como um todo seja a extensão da minha casa. Gosto de abrir as janelas de domingo e descobrir qual é o tema da feirinha nesta semana. Gosto de caminhar pelas ruas que costeiam o vale de Florença, ou pelas ruelas estreitas cercadas por muros antiquíssimos de pedra sem medo que algo de ruim aconteça. Gosto de respirar a história e a cultura de suas construções e do sítio arqueológico. São Paulo continuará me fazendo falta por tudo que uma metrópole pode oferecer, mas nada que umas férias prolongadas de verão não resolva!

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12 comentários

  1. Cristinacomentou

    Um texto que nos seduz, parece que entramos em um filme.
    Muita vontade de passar uma temporada por aí.
    Beijos, Babi!

  2. Oi, João!
    Se vc tiver dupla cidadania brasil/Italia, assim que fizer sua residência vc pode tirar a sua tessera sanitaria. O valor que vc pagará pela consulta e remédios será proporcional à sua declaração de renda. O mesmo vale para a educação. Na Páscoa aqui em Florença tem uma festa linda chamada Lo Scoppio del Carro que acontece na manhã do domingo de Páscoa. Tem artigo aqui no blog contando! 😉
    Abraços!